PARA ONDE VAI NOSSO DINHEIRO?
Alguém disse certa vez: não sei como meu avô, que ganhava tão pouco, conseguiu ter casa própria, criar meu pai e meus tios e ainda ter reserva financeira para emergências? Refletir sobre esse questionamento nos fará descobrir que mágica se usava em outros tempos e como conseqüência, porque hoje, quase todas as pessoas lutam desesperadamente por um imóvel, tem menos filhos e apesar disso fecham as contas mensais no vermelho ao invés de possuir uma reserva de capital.
Disse eu no meu coração: Ora vem, eu te provarei com alegria; portanto goza o prazer; mas eis que também isso era vaidade.Eclesiastes 2:1
Antes da revolução industrial roupas, utensílios e comida, quando não eram raros, não existiam. A maioria dos países produzia para o seu próprio povo e a forma de produzir era artesanal (uma a uma). Depois dessa revolução a produção começou a exceder o uso doméstico, e as nações mais desenvolvidas, que antes enriqueciam apenas com produtos primários adquiridos nas suas colônias, perceberam que poderiam enriquecer muito mais com produtos feitos em maior escala e que agregavam muito mais valor. A produção industrial desde então cresceu exponencialmente, aumentando a quantidade de alimento produzido e de muitos outros bens. Vieram as guerras mundiais e em alguma parte do mundo a escassez parecia ter voltado. Mas findo os conflitos, novamente as indústrias se recuperaram e produziram a todo o vapor.
Mas para onde escoar toda essa produção? Diziam os grandes empresários, donos da produção. A princípio para países menos desenvolvidos, mas a medida que esses países também aprenderam a produzir, uma nova estratégia precisava ser feita – era necessário fazer com que cada pessoa consumisse mais. Mais roupas do que fosse necessário para vestir, mais sapatos do que fosse necessário para calçar e mais alimento do que o necessário para sobreviver. Isso não foi nem um pouco difícil, visto que o cérebro humano tem uma verdadeira vocação para querer mais.
O rádio e depois a tv foram importantes ferramentas, nas mãos desses grandes homens do capital para fazer com que a população passasse a ter mais necessidade do que realmente tinha. Um não é suficiente, porque não ter dois, ou três, porque não ter dez?
E estes cães são gulosos, não se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, cada um por sua parte.Isaías 56:11
Durante a 2º guerra mundial, muitos apetrechos foram desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos, afim de dar maior vantagem técnica para seus combatentes. Quando a guerra acabou, todo aquele aparato industrial precisava agora de um novo público para consumir, visto que o governo não os compraria mais. A solução mais obvia era fazer com que de alguma forma as pessoas comuns comprassem produtos que pudessem ser criados por eles. Aí, tivemos a explosão dos eletrodomésticos e utensílios que hoje fazem parte de nosso cotidiano. Logicamente, muitos desses bens produzidos facilitaram a vida de muitas donas de casa, mas uma vez comprados não havia necessidade de comprar mais. Geladeiras, liquidificadores, ventiladores, panelas eram objetos que duravam até duas décadas. Muito tempo para esperar quando todos estivessem com os seus equipamentos comprados.
OBSOLECÊNCIA PLANEJADA
Desde a década de 50, os marqueteiros da indústria, preocupados com uma futura queda na compra dos bens que construíam, resolveram criar uma estratégia para fazer com que seus produtos tivessem uma vida útil determinada ao sair da fábrica. As chapas dos fogões não resistiriam mais 15 anos à ferrugem, a borracha da geladeira e seu compressor não “viveriam” duas décadas sem defeito. Peças antes feitas de aço agora eram feitas de latão, engrenagens resistentes agora eram feitas de nylon, borrachas duradouras eram agora feitas com outra composição para desintegrarem mais rapidamente. Isso, é claro, forçaria as pessoas a comprar novamente, e em pouco tempo, todos os seus produtos.
Obsolescência Perceptível
A obsolescência planejada deu grande impulso para o aumento do consumo, mas se um produto quebrasse muito rápido, a qualidade da marca poderia ficar comprometida, toda indústria que almejava estar no topo das vendas deveria zelar pelo seu nome. Isso limitava a venda de produtos, que deveriam quebrar, mas não tão rápido.
A brilhante solução para este problema agora pesava sobre o departamento de criação. A forma, o design o acabamento dos produtos deveriam ser tão poderosamente sedutores, a ponto de convencer as pessoas a comprá-los mesmo tendo produtos similares em casa, em perfeito funcionamento. E a publicidade foi o profeta que diariamente em nossos lares nos dizia que nosso celular está errado, que nosso computador está atrasado, que nosso sapato é cafona, que nossa geladeira é um dinossauro. A solução para nossa infeliz situação se resolveria com uma simples atitude: COMPRE!
Crédito, Dívida e Falência Pessoal
Melhor é o pobre que anda na sua integridade do que o de caminhos perversos ainda que seja rico. Provérbios 28:6
Como convencer uma sociedade que a felicidade consiste em ter, se a maioria das pessoas não ganha o suficiente para comprar? CRÉDITO! Em outras palavras, não aumente seu salário, aumente seu poder de compra. Teoricamente há um lado positivo nisso, nunca compraríamos uma casa ou um carro sem crédito, mas a estratégia era fazer com que produtos que poderiam ser comprados com um pouco de paciência e economia fossem comprados na velocidade do desejo. Um simples passar de um objeto retangular de plástico em uma máquina e pronto! Seu sonho estava agora ao seu alcance, não era preciso esperar, juntar dinheiro, pechinchar. Vamos premiar o imediatismo humano! Mas tudo tem um preço, e que preço!
Nos anos 80 e início dos anos 90, só pessoas com um rendimento bem alto podiam ter um cartão de crédito. Todavia, logo foi percebido que os pobres são muito mais ávidos para comprar do que os próprios ricos, que controlam muito bem seu patrimônio justamente para não se tornaram pobres. Com isso houve um derrame de credito em cartões e contas bancárias para todas as pessoas, há ponto de hoje ser possível, um assalariado que ganhe 510 reais, poder comprar até 1000.
No Brasil, as operadoras são autorizadas a cobrar juros (aluguel de dinheiro) que chegam a mais de 250% ao ano (nem a máfia siciliana cobra tanto!).
Conseqüências Espirituais
Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.Lucas 12:21
O povo hebreu no deserto, que era constituído quase que totalmente de escravos, conseguiu com suas ofertas erigir um tabernáculo com mobília folheada a ouro, madeiras de lei, roupas com pedras preciosas e colunas de fino acabamento.
Hoje somos muito mais abastados do que escravos hebreus e percebe-se que a Igreja de Deus vive no limite com suas contas. Isso é perfeitamente compreensível diante de tudo o que lemos. Os hebreus não eram consumidores, não tinham uma grande quantidade de serviços contratados para suas tendas e não precisavam se debruçar sobre faturas de cobrança. Estamos tão mergulhados em nossos problemas financeiros que ao longo dos anos aprendemos a dar para a obra de Deus, apenas as sobras. A sobra do tempo, a sobra do dinheiro, a sobra dos talentos e a sobra da saúde.
A salva passa, colocamos a mão no bolso, há uma nota de dez reais e uma de dois, qual dar? Poderíamos dar a de dez, mas nosso inconsciente nos avisa que há muito para pagar, muitos compromisso. Então damos a menor nota tentando justificar nossa atitude com: Deus vai entender, ele sabe da minha situação.
Agimos assim, justamente com aquele que poderia resolver todos os nossos problemas financeiros, todas as nossas angústias e ansiedades, nos dar saúde para trabalhar e esperança em um futuro melhor.
BENJAMIN NASCIMENTO- DIRETOR ADM.VIDA 2011
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